Abusos sexuais na Igreja: as conclusões da comissão independente
Written by Mara Costa on 13 de Fevereiro, 2023
Estima-se que o número de vítimas seja de 4.415.
Esta segunda-feira, dia 13 de fevereiro, a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica divulgou, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, as conclusões do trabalho realizado ao longo do ano passado e que resultou na recolha de centenas de testemunhos de vítimas.
No primeiro relatório do género divulgado em Portugal, admite-se que terá havido “no mínimo” 4.415 vítimas de abusos sexuais na Igreja.
A apresentação do documento teve início com Pedro Strecht, que preside à comissão independente, que avançou que foram recebidos 512 testemunhos validados, dos quais 25 casos foram enviados para o Ministério Público.
No entanto, Pedro Strech sublinhou que não é possível definir a quantidade dos crimes “porque a maioria das crianças foi abusada mais do que uma vez”.
A maioria dos abusos aconteceu em seminários e colégios e a idade média das vítimas é 52 anos, sendo que a maioria são do sexo masculino.
A Comissão Independente concluiu ainda que as décadas de 1960, 70 e 80 do século XX foram as que registaram um maior número de casos de abuso sexual no seio da Igreja em Portugal.
Segundo Ana Nunes de Almeida, membro da Comissão, 97% dos abusadores eram homens e em 77% dos casos padres, além de que em 47% dos casos o abusador fazia parte das relações próximas da criança.
Em 52% dos casos a vítima só revelou o abuso de que foi alvo em média 10 anos depois de ocorrido e em 43% dos casos essa denúncia aconteceu apenas quando contactaram a comissão.
Em 77% dos casos a vítima nunca apresentou queixa à igreja e só em 4% dos casos houve lugar a queixa judicial.
No que diz respeito aos locais, 23% dos abusos aconteceram em seminários, 18,8% na igreja (há um relato de um abuso cometido no altar), 14,3% no confessionário, 12,9% na casa paroquial e 6,9% numa escola católica.
Em 57,2% dos casos os abusos ocorreram mais do que uma vez.
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