Meghan e Harry: “Não nos deixaram contar a nossa história”
Written by Mery Cardoso on 12 de Dezembro, 2022
O casal teve muito pouco controlo sobre aquilo que aconteceu, dizem que foi um “Reality Show encenado”.
O documentário “Harry e Meghan” está repleto de confissões e revelações feitas pelos duques de Sussex sobre os bastidores da família real britânica. 27 de novembro de 2017, o dia em que o príncipe Harry e Meghan Markle surgiram em público, anunciando o noivado, parecia saído de um conto de fadas. O príncipe e a plebeia, uma atriz norte-americana e divorciada. Sinais de modernidade numa instituição quase milenar. O casal diz que teve muito pouco controlo sobre aquilo que aconteceu. “Foi ensaiado. Estivemos lá fora com a imprensa e depois fomos logo para dentro, tirei o casaco e demos a entrevista. Foi tudo no mesmo momento”. “Não nos deixaram contar a nossa história porque não queriam isso”, acusa ainda a ex-atriz, “Nunca nos perguntaram a nossa história. Essa é a parte consistente”, acrescenta Harry.
A ação do documentário, divide-se entre a Califórnia, Nova Iorque e Londres. Harry e Meghan voltaram a falar da importância da questão da raça (uma vez que a duquesa de Sussex é filha de pai branco e mãe negra). Harry recorda também qual a reação da sua família quando Meghan lhes foi apresentada. “Lembro-me de a minha família a conhecer e terem ficado muito impressionados. Alguns não sabiam o que fazer! “Ficaram surpreendidos por o ruivo ter conseguido uma mulher tão bonita e tão inteligente. Mas o facto de eu estar a namorar com uma atriz americana foi provavelmente o que mais lhes arruinou o juízo no início”, relembra o príncipe, salientando que alguém terá dito “isto não vai durar”. “O facto de eu ser atriz foi o maior problema, curiosamente. Havia uma ideia do que isso é, da perspetiva britânica, do que é Hollywood… é muito fácil para eles estereotiparem”, salienta.
Quando o namoro se tornou público, o casal teve o primeiro embate com a realidade, com um título do tabloide britânico “Daily Mail”, que dizia: “A namorada de Harry é (quase) saída de Compton”, uma referência pejorativa a um bairro londrino, maioritariamente habitado por cidadãos negros. Harry diz também ter ficado desiludido por, ao pedir proteção para Meghan, a resposta ter sido negativa. “Porque é que a tua namorada deve ser tratada de forma diferente? Porque é que deve ser protegida?’. E eu disse: a diferença aqui é o elemento da raça'”, salienta o príncipe.
A primeira pessoa da família real britânica que Meghan Markle conheceu foi a rainha Isabel II. A duquesa de Sussex descreve o encontro como “surreal” e brinca com a vénia exagerada que fez no encontro com a monarca. Depois, sobre a primeira vez que conheceu os futuros cunhados, o príncipe William e Kate Middleton, Meghan relata algum constrangimento. Sempre dei muitos abraços. Não sabia que isso era chocante para muitos britânicos”, relembra. “Há uma forma de ser muito rígida. E depois, quando fechamos a porta, podemos relaxar!’. Mas essa formalidade é contínua e isso é surpreendente”. “Quando estava no Reino Unido, raramente usava cores”. Havia uma razão para isso. Nunca podemos usar a mesma cor que sua Majestade, se há um evento em grupo. Mas também não podemos usar a mesma cor que outros membros séniores da família. Por isso pensava ‘que cor é que nunca usariam?’. Camel, bege, branco? Por isso, usava muitos tons discretos, mas fazia-o para passar despercebida. Não me queria destacar. Por isso não podem dizer que, quando me juntei à família, não fiz tudo para encaixar. Não queria envergonhá-los”.
A forma como o relacionamento, que começou em 2016, foi afetado pela comunicação social é uma constante de “Harry e Meghan”. Assim que a relação se tornou pública, em novembro de 2016, “namorar tornou-se uma combinação de perseguições de carro, condução anti vigilância e disfarces”, relata Harry. “Não é uma forma muito saudável de começar uma relação, mas tentávamos encarar tudo com o máximo de humor possível”, acrescenta ainda o príncipe. Meghan recorda que, quando estava a rodar a série “Suits”, em Toronto, no Canadá, tinha “seis homens a dormir no carro” à porta de sua casa, e que a perseguiam para todo o lado. Conta que, a determinada altura, ligou à polícia e que as autoridades disseram que não podiam fazer nada, porque ela namorava com uma figura pública. “Depois recebi uma ameaça de morte e as coisas mudaram, porque eu precisava de seguranças”. “Pagaram a vizinhos para pôr uma câmara que transmitia em direto do meu quintal. De repente, parecia que tudo na minha vida se tinha tornado mais isolado. Foi assustador”, recorda Meghan.
Os três restantes episódios de “Harry e Meghan” estarão disponíveis na Netflix a 15 de dezembro.