Fingiram ser da EDP e lesaram 121 pessoas em mais de 600 mil euros
Written by Catarina Roque on 29 de Março, 2022
Os dois arguidos encontram-se detidos.
A Procuradoria-Geral Regional do Porto (PGRP) revelou, numa nota publicada, que o processo em questão, do Departamento de Investigação e Ação Penal de Vila Nova de Gaia, tem mais nove arguidos, que, a troco de dinheiro, facultaram as respetivas contas bancárias, acrescentando que “a atividade criminosa se estendeu por todo o território nacional e perdurou entre junho de 2019 e março de 2021”.
De acordo com o Ministério Público (MP), “os dois principais arguidos delinearam e executaram um plano criminoso para se apoderarem de elevadas quantias de dinheiro à custa de diversos ofendidos, ao qual aderiram os restantes arguidos que os auxiliaram no recebimento e dissipação do dinheiro”.
“Diz-se na acusação que esses dois arguidos se fizeram passar por comerciais da EDP, e, nessa suposta veste, contactaram telefonicamente várias vítimas (pessoas singulares e coletivas), a cujos contactos telefónicos acederam por estarem disponíveis na Internet, e a quem diziam ser representantes daquela empresa, com o propósito de levar os lesados a efetuar disposições patrimoniais a seu favor”, acrescenta a PGRP.
A acusação refere que, “para ludibriarem as vítimas, os arguidos referiam-lhes que tinham direito a um crédito ou reembolso das respetivas faturas, a processar naquele momento, mantendo sempre o contacto telefónico até que as vítimas validassem as operações”.
Terá sido com recurso à aplicação MBWay que os arguidos conseguiram “ludibriar” 57 dos lesados.
“Os dois principais arguidos induziam as vítimas a fornecer-lhes todos os dados que lhes permitia, posteriormente, movimentar as suas contas bancárias através desta aplicação. Na posse dos dados, os arguidos efetuaram operações de pagamentos de serviços a favor de contas de jogos ‘online’ que geriam, direta ou indiretamente, ou efetuaram levantamentos de valores em ATM”, esclarece a PGRP.
Além deste método, os arguidos recorreram ainda ao uso de terminais de pagamento, com o qual enganaram 64 pessoas.
“Nesta atuação, os dois principais arguidos convenceram os proprietários dos estabelecimentos de que tinham reembolsos por parte da EDP e que esse valor seria creditado através dos terminais de pagamento, instruindo-os dos procedimentos a adotar. Seguindo as diretrizes dos arguidos, as vítimas validaram sucessivas operações de pagamento de serviços, a favor das contas de jogo ‘online’ geridas pelos arguidos”, refere o MP.
O PGRP nota que “tais contas ‘online’ permitiram aos arguidos gerar referências de pagamento que depois indicaram às vítimas para efetuar o pagamento, apoderando-se do respetivo saldo. Após, converteram esse saldo em apostas ‘online’ ou movimentaram-no para contas bancárias do sistema financeiro tradicional”.
No total, as vítimas foram burladas em 645 mil euros, “valor que o Ministério Público requereu que fosse declarado perdido a favor do Estado, sem prejuízo dos direitos dos ofendidos”.
Os dois arguidos, que se encontram em prisão preventiva, são acusados pelos crimes de falsidade informática, de acesso ilegítimo, de burla qualificada e de branqueamento de capitais, e aos demais arguidos o crime de branqueamento de capitais.
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Fonte: Agência Lusa