Irão insiste na necessidade de formação de “governo inclusivo” pelos talibãs

Irão insiste na necessidade dos talibãs formarem um “governo inclusivo”, após o anúncio do novo governo afegão.

Na passada terça-feira, o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, anunciou que Mohammad Hassan Akhund será o novo chefe do Governo interino do Afeganistão.

Em conferência de imprensa, acrescentou que Abdul Ghani Baradar será o número dois do novo executivo.

A situação no Afeganistão preocupa o Irão, que faz fronteira com o país asiático e abriga mais de 3,5 milhões de afegãos, incluindo refugiados e cidadãos sem documentos.

O Irão insistiu esta manhã na necessidade da formação de “um governo inclusivo” no Afeganistão para alcançar a paz no país, após o anúncio do novo governo afegão, composto por talibãs.

Alí Shamjaní, secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irão, recorreu à sua página do Twitter para falar do assunto, onde diz que “a prioridade para o Afeganistão é a estabilidade e a paz”.

Acrescentou que “ignorar a necessidade de estabelecer um governo inclusivo, a intervenção estrangeira e o uso de meios militares em vez do diálogo (…) são as principais questões que devem preocupar os amigos afegãos”.

O nomeado ministro do Interior do Afeganistão, Sirajuddin Haqqani, é procurado pelos EUA, que oferecem uma recompensa de cinco milhões de dólares pela sua captura.

Segundo a agência Associated Press, acredita-se que Haqqani ainda mantém pelo menos um refém americano.

O porta-voz dos talibãs também revelou nomes de outros ministros, todos pertencentes à formação que conquistou o poder no Afeganistão após a retirada da forças ocidentais, embora tenha prometido que “este gabinete será mais inclusivo” com futuras nomeações.

Para discutir os últimos acontecimentos, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, conversou por telefone na noite de terça-feira com o ex-Presidente afegão, Hamid Karzai.

O ministro garantiu que a política iraniana é apoiar o diálogo entre todos os grupos afegãos para “formar um governo inclusivo que reflita a composição étnica e demográfica do país”, desejando que o Afeganistão “esteja livre da guerra e do terrorismo”.

Amir-Abdollahian ainda culpou as políticas dos Estados Unidos das últimas duas décadas pelo caos atual e também garantiu que o seu país “manterá abertas as travessias de fronteira com o Afeganistão para aliviar a situação atual no país e continuará com o comércio”.

Por seu lado, Karzai explicou que ele e outros ex-responsáveis estão envolvidos em negociações com diferentes grupos, incluindo os talibãs, e desejam que o Irão continue a oferecer ajuda para facilitar o processo.

Junto com o Paquistão, a China e a Rússia, o Irão é um dos poucos países que mantém aberta a sua embaixada em Cabul e retomou a atividade comercial com o país vizinho.

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano ainda vai participar numa videoconferência organizada pelo Paquistão com os seus homólogos da China, Uzbequistão e Tajiquistão para tratar da situação no Afeganistão.

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Fonte: Notícias ao Minuto / Fotografia: Reuters