Gouveia e Melo: “Vou despir este camuflado quando sentir que ganhámos a guerra”
Written by Catarina Roque on 4 de Setembro, 2021
O coordenador da Task Force para a vacinação contra a Covid-19 falou sobre a “sobrevacinação” de populações já vacinadas.
“Vou despir este camuflado quando sentir que de alguma forma ganhámos a guerra, ou pelo menos não a conseguimos fazer melhor. Em princípio será quando se atingir os 85% das segundas doses”, disse Henrique Gouveia e Melo em entrevista à Lusa, a propósito do balanço sobre o processo de vacinação.
Para o responsável, esse marco deverá ser atingido brevemente, contudo, até lá, não quer dar “sinal de descanso”.
“Enquanto não tivermos todos com a segunda dose – todos os 84% ou 85% da população – há um trabalho a fazer, que é retirar espaço de manobra ao vírus”, acrescentou, sublinhando que essa meta também compete ao Estado, que tem de dar as condições para que tal aconteça.
No entanto, o vice-almirante considerou que não faz sentido “sobrevacinar” populações já vacinadas, deixando outras sem qualquer proteção contra o vírus.
“Isso não me parece ético e não parece uma boa estratégia”, destacou.
“Há um princípio ético e moral, nós não devemos proteger-nos em detrimento de outras pessoas, que precisam também de proteção”, disse, justificando que “devemos ser solidários, a solidariedade não é só com o irmão, ou com a mãe ou com a família, é dentro do Estado e, depois do Estado, para outros estados e na comunidade internacional”.
“Não é uma boa estratégia deixar zonas muito desprotegidas, onde o vírus se vai mutar naturalmente (…) e não é combatido”, acrescentou.
“Se [o vírus] se mutar mais rapidamente, mais tarde ou mais cedo, face à globalização, viremos a sofrer de uma reinfeção de uma estirpe já mutada muito mais resistente é muito mais difícil de combater”, afirmou.
No que diz respeito à sua função, Gouveia e Melo afirma que pretende tirar “três dias para descansar depois disto, só para desligar o ritmo” e regressar às funções que desempenhava (adjunto para o Planeamento e Coordenação do Estado-Maior General das Forças Armadas, cargo pelo qual recebeu uma medalha do Presidente da República).
Quando questionado se achava que merecia outra medalha pela vacinação, o coordenador respondeu: “Já não preciso de nada, eu vou na rua e as pessoas agradecem, a generalidade das pessoas tem uma atitude muito generosa para comigo e ao fim e ao cabo eu também represento um grupo de militares e de enfermeiros (…) essa medalha é para todos nós”.
Segue a ONFM no Instagram e Facebook
Fonte: Lusa / Fotografia: Global Imagens