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Irmã Jacinta é inspiração para moda acusada de sexismo

Written by on 31 de Agosto, 2021

A marca garante “preservar a dignidade do corpo da mulher”.

Mais de 100 anos depois, a aparição de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos continua a dar que falar.

Na Venezuela, as missionárias da ABC Prodein lançaram a Moda Jacinta, a mais nova do trio de irmãos mais famoso da Igreja Católica.

A iniciativa tem como objectivo vestir as venezuelanas de maneira elegante, mas conservadora, e ao mesmo tempo financiar projetos educativos para 2.000 crianças.

Uma das promotoras do projecto esclarece que “procuramos ajudar as mulheres em situações vulneráveis, ensinando-lhes o ofício de costura, para as ajudar a progredir através de um trabalho digno, e ao mesmo tempo promover uma moda modesta”.

Segundo a agência LUSA, inicialmente houve um ‘workshop’ sobre costura, modelação, corte, empreendedorismo, vendas. Também sobre manequins feitos de material reciclado e um retiro espiritual, em três cantinas comunitárias que dirigem em dois bairros de Caracas.

Hoje em dia, o foco é a “produção da nova marca e linha de moda Jacinta” e a escolha do nome justifica-se por ser “a santa, não mártir, mais jovem da Igreja” e que “foi uma das crianças que viu Nossa Senhora de Fátima, em 13 de Maio de 1917”.

“Antes de morrer, Jacinta teve várias ‘visitas privadas’ (aparições) de Nossa Senhora que lhe disse que viriam modas que ofenderiam muito a Deus. Então nós, respondendo à mensagem de Nossa Senhora de Fátima, através de Santa Jacinta, quisemos chamar assim ao projeto e promover uma moda elegante, bonita, mas que preserva a dignidade do corpo feminino, da mulher”.

A mesma irmã religiosa partilha que “Ainda estamos a trabalhar nos modelos para que sejam elegantes, mas juvenis, frescos e que possam ser utilizados em qualquer ocasião”, frisou, precisando que a Jacinta “é uma marca que recicla”, por isso usam entre “80 e 90% de tecido novo” em cada peça de vestuário, “mas todas têm um detalhe estampado ou uma cor diferente, feito com material reciclado”.

Andrea Acevedo explicou ainda que “há muitas maneiras de ajudar o projeto” e quem sabe coser ou desenhar pode ajudar como voluntário, quem tiver roupa em bom estado, que já não usa, pode doá-la e quem quiser também pode financiar.

“Além de encontrar uma peça que gosta, quem compra faz uma doação ao mesmo tempo, porque uma percentagem das vendas da Jacinta vai para a educação. Temos duas escolas, onde atendemos mais de 2.000 alunos e 10% das vendas vão para a educação”, explicou.

No atelier de costura, situado no oeste de Caracas, há alguns meses que a modista portuguesa Assunção Maria Gonçalves de Ramos colabora com o projeto, formando dois dias por semana as novas costureiras.

Em declarações à Lusa, explicou que “é muito importante que as raparigas tenham uma profissão, que aprendam a defender-se, a confecionar peças de vestir, para sustentar o projeto”.

“Começámos por fazer blusas, calças, saias e vestidos. Agora fazemos um pouco de cada coisa e um trabalho social para que gente com poucos recursos tenha um ofício”, explicou.

O projeto que se assume com as melhores intenções não tem sido bem interpretado por todos os internautas, uma vez que parte dos mesmos encaram esta moda como um limite à liberdade feminina.

Expressões como “preserva a dignidade do corpo da mulher” criaram uma onda de contestação online que põe em causa os alegados objetivos da marca.

Independentemente das diferentes opiniões, a irmã Jacinta e os três pastorinhos de Fátima continuam a levar o nome de Portugal além fronteiras.

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