A pandemia aumentou a pobreza em Portugal. Pessoas fazem circuitos para matar a fome
Written by Madalena Lourenco on 25 de Novembro, 2020
Pessoas que perderam o emprego e o rendimento devido à pandemia fazem circuitos diários por instituições de solidariedade à procura de refeições.
A segunda vaga da pandemia de Covid-19 fez aumentar, desde o final do verão, a procura por refeições no Porto.
O número de pessoas que pendem ajuda vai, agora, “muito além da dimensão dos sem-abrigo“. Passaram a haver “pessoas de vários países” e até famílias que, conhecendo o circuito dos apoios na cidade nortenha, tentam obter refeições.
Segundo o responsável da “Porta Solidária”, o padre Rubens Marques, o número de refeições oferecidas pela Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição a pessoas carenciadas, ultrapassou os números de abril passando de uma “média diária de 400 para 550 refeições”.
“Desde 12 de março [dia seguinte à declaração da pandemia pela Organização Mundial de Saúde] até 24 de novembro servimos 109.667 refeições”, revelou o pároco, especificando que, desse total, “6.428 foram para crianças com menos de 10 anos de idade”.
Segundo Rubens Marques, os números atuais superam também “a média diária de 160 [refeições] verificada em 2019 ou de 300 contabilizada durante a intervenção da ‘troika‘, entre 2009 e 2013″.
Essa procura vê-se, também, entre aqueles que “pedem cabazes, para poderem cozinhar em casa”, e que estão identificados como pessoas que perderam o emprego após o verão, referiu, acrescentando que estes cidadãos fazem um “circuito para mitigar a fome, sobretudo ao fim de semana”.
O padre referiu ainda que “Quando passa das 600 refeições por dia é uma aflição total e os voluntários estão a fazer um esforço enorme, pelo que não podemos ir muito mais além. A sociedade civil não vai aguentar muito mais tempo”.
Na Casa Mãe Clara, projeto de responsabilidade social da Casa de Saúde da Boavista, o cenário é idêntico. De acordo com a freira Regina Sousa, já foram “ultrapassadas as 200 refeições/dia desde setembro, estando a média atual em 205”.
“Até de Lisboa já nos chegou um sem-abrigo, que me pediu roupa e cobertores. Disse que veio tentar a sorte no Porto”.
Entre as histórias de sempre, há agora as que chegam por causa da pandemia e que procuram ajuda neste ano difícil.
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Fonte: Agência Lusa.
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