Beirute: veterinários portugueses revelam “uma imensidão de animais de rua em más condições”
Written by Redação on 4 de Setembro, 2020
Mário Ferreira e Rúben Cândido depararam-se com uma grande falta de recursos e aglomerados de animais nas ruas de Beirute, em busca de comida. Os veterinários portugueses foram para o Líbano para provar que também pelos animais se começa a reabilitar a região.
Um simples saco de ração pode agora custar, em Beirute, mais de uma centena de euros. A viver um momento de crise, um mês após as explosões, a capital do Líbano está a tentar curar as feridas, mas os animais não são para já a prioridade. Com essa preocupação em mente, Mário Ferreira e Rúben Cândido, dois veterinários portugueses, viajaram para o Líbano, onde têm cuidado de animais de companhia, sobretudo cães e gatos, mas deparam-se muitas vezes com a realidade de também os donos necessitarem de apoio.
“O que viemos tentar fazer foi mudar a vida de alguns animais e de algumas pessoas, porque já nos aconteceu acabarmos a ajudar animais cujos donos vivem em bairros muito pobres e não têm trabalho. Com a explosão, as suas vidas pioraram ainda mais, porque ficaram com as casas completamente danificadas.” A descrição de Rúben Cândido justifica a vontade dos dois veterinários, que se deslocaram até ao Líbano, na “tentativa de fazer algo que ainda não tinha sido feito”.
Um mês depois das explosões, os animais feridos já foram tratados, mas há muitos a vaguear pelas ruas, como conta Mário Ferreira, ouvido pela TSF. “Há uma imensidão de animais de rua em condições muito más, não só na cidade de Beirute como em todo o país, e, em bairros muito pobres, há uma grande concentração de animais porque as pessoas vão despejando restos de comida. É uma realidade muito diferente da nossa, em Portugal.”
Muitos têm sido os pedidos de ajuda por parte de quem não tem condições para tratar dos cães e dos gatos de companhia. “Sentimos muita gratidão por parte de quem nos rodeia, vêm ter connosco muitas pessoas com animais e sem forma de os manter e cuidar”, reconhece Mário Ferreira.
Rúben Cândido destaca o trabalho desenvolvido em que os muitos esforços compensam os escassos recursos. Ajudar Beirute a varrer as cinzas, a sacudir o pó e a reerguer-se também passa por tratar dos que sempre fizeram parte da vida dos libaneses: os animais, salientam os veterinários portugueses.