Peritos defendem abertura do país por regiões

De território para território, as assimetrias regionais em Portugal no que diz respeito ao contágio de covid-19 verificam-se de forma inegável.

O número médio de contágios (ou o valor de R) não está a descer no país.

De acordo com especialistas, “a ideia de abrir o país a várias velocidades, dando prioridade às regiões menos afectadas, pode ser uma das soluções”.

Esta terça-feira, António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa tomarão uma decisão (ouvidos os especialistas em epidemiologia da DGS), quanto ao prolongamento do estado de emergência e respectivas medidas de restrição.

Uma das hipóteses será levantar medidas de confinamento de acordo com as assimetrias do país e da população, uma ideia já referida pelo primeiro-ministro há duas semanas.

Ricardo Mexia, médico de saúde pública e presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, considera que “foi já mais ou menos assumido que vamos fazer uma retoma faseada e gradual. E isso pode incluir diferentes actividades, mas também regiões”. E acrescenta que “optar por regiões, como por exemplo as regiões autónomas, onde o isolamento muitas vezes é um factor negativo, mas que neste caso concreto até pode ser protector”.

Já Manuel Carmo revela que “nem todos temos a mesma opinião sobre isso”, e partilha que “na minha opinião é um bocadinho precipitado desconfinar já o país todo, porque o R não está num valor nada confortável”, afirma. “No entanto, quando olhamos para o mapa de Portugal e vemos o número de casos ou de mortes, vê-se sempre que o país é muito diferente”.

E acrescenta que “se é para aliviar as medidas, na minha opinião, devíamos fazer isso assimetricamente. Isto é, começando pelas regiões onde parece ser menos arriscado estar a aliviar”.

Segundo o PÚBLICO e apesar disso, “ambos os especialistas concordam que o valor de R deveria estar um pouco mais baixo para permitir dar estes passos com maior confiança. Manuel Carmo gostava que o valor de Rt “estivesse em 0,9 ou 0,8” e Ricardo Mexia diz apenas que tinha expectativa de que o número estivesse abaixo do um de “forma robusta” para que se pudesse compensar um eventual aumento de contágios “com outras medidas”.