Bolsonaro quer reabertura de escolas e comércio, e fim do isolamento
Written by Cheyenne Domingues on 25 de Março, 2020
Segundo o presidente do Brasil, a “vida tem de continuar”, e pede assim a reabertura de escolas uma vez que “o que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é de pessoas acima de 60 anos”.
Bolsonaro falou ao país, sobre o novo coronavírus, na terça-feira, e pediu às autoridades estaduais e municipais que reabram escolas e comércio, e que ponham fim ao “confinamento em massa”.
“Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o encerramento do comércio e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, porquê fechar escolas”, questionou Jair Bolsonaro, sublinhando que o país deve “voltar à normalidade”.
Bolsonaro declarou ainda que a vida “tem de continuar”, e “o vírus chegou, está a ser enfrentado por nós e brevemente passará. A nossa vida tem de continuar. Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado”, frisou.
As declarações de Bolsonaro contrariam as recomendações do seu próprio governo. O Ministério da Saúde brasileiro aconselha a população a evitar aglomerações, a reduzir as deslocações para o trabalho, defendendo o “trabalho remoto” e a “antecipação de férias em instituições de ensino”, especialmente em regiões com transmissão comunitária do vírus, ou seja, quando já não conseguem identificar a trajetória de infeção.
As declarações de Bolsonaro foram emitidas no dia em que o Brasil ultrapassou os dois mil casos confirmados da Covid-19, com o país a registar 2.201 infetados e 46 mortos, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Segundo o Presidente, “raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos de idade (…) 90% de nós não terá qualquer manifestação caso se contamine. Devemos sim é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros, em especial aos nossos queridos pais e avós, respeitando as orientações do Ministério da Saúde”.
Jair Bolsonaro, de 65 anos, voltou a subestimar a pandemia, ao afirmar que caso fosse infetado “não precisaria de se preocupar”, tendo em conta que já foi um atleta.
“No meu caso particular, com o meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quanto muito, acometido por uma ‘gripezinha’, ou ‘resfriadinho’ (…)”, considerou.
O chefe de Estado do Brasil já se submeteu a dois exames ao novo coronavírus, ambos de resultado negativo, segundo o próprio. A imprensa pediu a divulgação pública dos resultados, mas sem êxito. O Hospital das Forças Armadas, onde Bolsonaro realizou os exames, apresentou uma lista de infetados com o novo coronavírus, mas omitiu os nomes de duas pessoas que testaram positivo nessa mesma unidade hospitalar, segundo a imprensa local.