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Memórias do Carnaval de Torres Vedras – uma viagem de 1932 a 1935

Written by on 13 de Janeiro, 2020

No reinado de D. Afonso III, no século XIII, já se festejava o Entrudo em Portugal, do latim introitus – entrada, referindo-se assim ao período de três dias que precedia a entrada na Quaresma.

Esta festa popular resulta dos comportamentos espontâneos, onde se atiravam, pelas ruas, baldes de água, ovos, laranjas, farelos e entre outros produtos.

“No século XVI, atesta-se também a utilização do termo Carnaval, evocando as festas romanas então recuperadas pelo Cristianismo, que começavam no dia de Reis (Epifania) e terminavam na quarta-feira de cinzas, vésperas da Quaresma.” ( Carlos Guardado da Silva, janeiro de 2012 in Revista Torres Vedras nº06)

Pensa-se que a origem do nome advém do latim medieval carnelevāre – véspera de quarta-feira de cinzas, dia em que se inicia “a abstenção da carne”. Faz então, e também, alusão ao dia em que, anualmente, o sacerdote colocava as cinzas da queima das palmas bentas do ano anterior sobre a cabeça dos fiéis, idênticas às cinzas que resultam da queima do Entrudo. O Carnaval é aqui então personificado, num ritual purificador, de retorno à ordem social e religiosa quotidiana. “As mesmas cinzas a que seria votado, mais tarde, o rei do Carnaval, aquele que melhor encarna o espírito carnavalesco.” ( Carlos Guardado da Silva, janeiro de 2012 in Revista Torres Vedras nº06)

A máscara era um elemento obrigatório nestas festividades, símbolo da transformação de quem a usava em uma outra pessoa. Este sentido estendeu-se também aos restantes disfarces, de que são exemplo as matrafonas, testemunhos da inversão da ordem social e de quebra do interdito, sobretudo do religioso.

“De tudo isto bebeu o carnaval torriense, hoje como ontem desenvolvido na rua, com os seus cortejos, com as batalhas das flores em vez das laranjadas, por vezes violentas.” ( Carlos Guardado da Silva, janeiro de 2012 in Revista Torres Vedras nº06)

Rapidamente se estendeu a popularidade do primeiro grande Carnaval de rua organizado em Torres Vedras, pela mão dos republicanos, substituindo assim uma festa religiosa, a partir de 1923, passando a ser uma cerimónia de rua, com organização continuada.


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