Suas Altezas Reais, um símbolo do Carnaval de Torres Vedras
Written by Joana Timóteo on 9 de Janeiro, 2020
“A organização mais desorganizada do País” – uma frase que muitos torrienses utilizam para caracterizar o Carnaval de Torres Vedras, no distrito de Lisboa. Isto porque é um evento que mantém as suas tradições e vive muito da espontaneidade dos participantes.
A primeira edição aconteceu há 97 anos, em 1923, ano em que a população iniciou também uma das mais importantes tradições e que se mantém até aos dias de hoje: O Rei do Carnaval. Em 1924 apareceu a Rainha, “ano em que se atingiu uma animação de rua nunca antes vista”.
Há coisas que não mudam, nem 97 anos depois: os Reis continuam a chegar de comboio, continuam a ser dois homens, continuam a usar adereços desconcertantes e mantêm-se, sem dúvida, como uma referência dos foliões.
Eleição dos Reis do Carnaval de Torres Vedras
A Real Confraria do Carnaval de Torres assume-se como sendo a legítima herdeira da extinta Comissão de Carnaval. Após o surgimento da empresa municipal Promotorres, que assumiu a organização do evento, os membros dessa Comissão decidiram criar uma Confraria de forma a salvaguardar a identidade e as tradições do Entrudo torriense.
Além de salvaguardarem as tradições, os 80 membros da Real Confraria têm também a função de eleger os Reis do Carnaval de Torres Vedras, que exercem este cargo até assim o entenderem.
Ricardo Miranda, por exemplo, foi durante 11 anos o Rei do Carnaval. Em 2018 deixou o trono da monarquia foliona torriense e esse papel é agora exercido por Fernando Martins, membro da OSGA, um dos grupos musicais que anima as ruas de Torres Vedras durante os dias de folia.
Pedro Adam foi Rainha do Carnaval durante 10 anos. Em 2016 cedeu o seu lugar a Ricardo Rodrigues, que desde 2017 assume a funções de Rainha do Carnaval de Torres Vedras.
Agenda dos Reis do Carnaval de Torres Vedras
Os seis dias de folia ainda não começaram na cidade de Torres Vedras e os Reis já têm uma agenda bastante preenchida. Tudo começa com uma visita à capital portuguesa que “tem como principais objetivos a divulgação e promoção do Carnaval de Torres Vedras junto da população e dos turistas da capital, difundindo, assim, um pouco da essência e da tradição daquele que é considerado o “Carnaval mais português de Portugal”.
Feita a visita, os Reis marcam presença na inauguração do Monumento do Carnaval (tradição iniciada em 1999), uma construção cuja temática satiriza um ou mais aspetos da atualidade.
Várias escolas do concelho recebem também a visita dos Reis dias antes de começar a folia. Mas o ponto mais alto da vida dos Reis do Carnaval de Torres Vedras é precisamente a chegada e Entronização dos Reis no primeiro dia do evento. Milhares de foliões aguardam a chegada do comboio que transporta os Reis acompanhados pelos Fidalgos, Ministros e Matrafonas e Real Confraria (Associações Carnavalescas).
É nesta noite que “a chave da cidade” é entregue pelo presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras aos Reis do Carnaval que durante seis dias reinam o concelho, reino esse que só termina com o Enterro do Entrudo.
Durante os seis dias de festa, os Reis desfilam nos corsos carnavalescos no carro dos Reis. A passagem do carro, que parece ser puxado por enormes cavalos dourados, satisfaz milhares de foliões e folionas que anseiam poder acenar aos Reis durante os desfiles. Afinal, são eles que regem a cidade ao longo destes seis dias.
O Carnaval de Torres Vedras realiza-se este ano de 21 a 26 de fevereiro com o tema “Magia&Fantasia”.
Imagens: Câmara Municipal de Torres Vedras
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