Current track

Title

Artist


A relação entre o consumo de ovos e a mortalidade

Written by on 9 de Janeiro, 2020

Um novo estudo publicado na revista da Associação Médica Americana (JAMA), e divulgado pelo jornal espanhol El País, relacionou o consumo de ovos, e o colesterol dos ovos, com a mortalidade cardiovascular, após um acompanhamento de 29.615 norte-americanos durante 31 anos.

Esta pesquisa consistiu numa correlação entre duas variáveis – ovos e risco cardiovascular. Através deste estudo foi observado um aumento ligeiro no risco cardiovascular em quem consome mais ovos.

Nesse sentido o estudo alerta que é necessário ter em mente que correlação não implica causalidade. Ou seja, o facto de um acontecimento ocorrer ao mesmo tempo que outro não é a prova segura de que o primeiro seja a causa do segundo, ou vice-versa.

Será que a ingestão de ovos e a mortalidade por doenças cardiovasculares tem uma correlação forte no novo estudo da JAMA?

A resposta é: não. “É modesta”, afirma o médico Robert H. Eckel num editorial que acompanha o estudo.

Foi solicitado aos voluntários deste estudo que anotassem o seu consumo de ovos em questionários alimentares. É provável que poderá acontecer um descuido, esquecimento ou má interpretação das perguntas. Uma limitação importante do estudo é que só foi avaliada a dieta uma vez, e os resultados foram quantificados 30 anos depois, aponta o Departamento de Nutrição da Universidade Harvard. Durante este tempo, muitos voluntários podem ter alterado a sua alimentação, o que pode alterar o resultado final

Além disso, o mesmo não distingue entre os ovos consumidos de forma direta pelos participantes e o ovo incorporado noutros alimentos. O que gerou a maior dúvida, sublinha o jornal espanhol, é se de facto é o ovo que aumenta o risco cardiovascular ou os ingredientes presentes nessas outras refeições onde o ovo é incorporado. Um desses ingredientes, que não aparece como possível fator de confusão no estudo é o açúcar, sendo que a relação do açúcar com o risco cardiovascular é provável, já que está por trás de riscos de obesidade e diabetes.

Os autores do estudo responderam a esta questão: “a generalização dos resultados a populações que não pertencem aos EUA exige precaução por serem diferentes tanto os seus contornos de alimentação e nutrição como a sua epidemiologia de enfermidades crónicas“.

O Departamento de Nutrição da Universidade Harvard afirma que “estas conclusões devem ser interpretadas no contexto de vários estudos prévios, que demonstraram que uma ingestão baixa a moderada de ovos não está associada a um maior risco de doenças cardiovasculares em pessoas de resto saudáveis”.

O doutor Frank Hu, chefe do Departamento de Nutrição da Escola de Saúde Pública Harvard Chan, sublinha que “estas novas conclusões podem reavivar o debate sobre o papel do colesterol na dieta e o consumo de ovos nas doenças cardiovasculares, mas não mudarão as pautas gerais de alimentação saudável que enfatizam um maior consumo de frutas, hortaliças, grãos integrais, frutos secos e legumes, e a redução do consumo de açúcar e carnes vermelhas e processadas“.


Reader's opinions

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *